terça-feira, 14 de abril de 2015

#22 - história sem fim


“Anda cá”, eu chamei e ele veio.
Caminhou na minha direção a passo lento mas quente, algo que nunca havia esperado sentir só de um breve caminhar. Mas agora estava tudo turvo, tudo diferente e já esperava tudo dele, todos os sentimentos, sensações e inquietações que poderiam existir e que um ser humano poderia sentir.
Sentou-se ao meu lado e o seu olhar pousou sobre mim. Sorriu e segurou-me na mão, como quem diz ‘vai em frente, o que precisas que te dê ou que te diga?’. Abracei-o, puxei-o o máximo que conseguia contra o meu corpo e abracei-o. Não queria mais nada, só que ele estivesse ali comigo, que não me deixasse e que preenchesse todos os vazios que pudessem aparecer.
“Amo-te tanto”, suspirei contra a curva do seu pescoço. “Não preciso de mais nada, já tenho tudo aqui comigo”, afirmei, depositando de seguida um beijo na sua barba que teimava em aparecer. “Também me amas tanto assim que um mundo não nos possa separar? Tenho medo que isto, nós, acabemos de um momento para o outro. A vida é tão difícil e estar contigo é tão fácil, tão completo, tão o que eu preciso para ser feliz”, oh céus, outra das minhas declarações saiu-me outra vez, sendo um pensamento longo, mas que me saiu em voz audível o suficiente para ele.
Devia pensar que eu era uma idiota, por o amar tanto assim, como o ar precisa de nós e nós precisamos do ar para continuarmos. Ciclo comum, mas nada é tão fora do comum como eu o amo a ele, porque tudo ultrapassa toda a gente, menos a mim, menos a nós, que somos grandes e fortes e espero que consigamos sobreviver a tudo o que venha a existir no meio de nós, porque isso só nos torna mais fortes e juntos conseguimos ultrapassar tudo.
“Amor”, chamei, vendo que não tinha qualquer reação da sua parte. Ele já não estava lá, tinha desaparecido e eu estava no vácuo. Perdida no meio do chão, sem forças para me levantar outra vez. Amargura, dor, falta de sentimentos (pelo menos dos bons), desilusão e montes de palavras feias na minha cabeça. Ele tinha ido e eu estava amanhada a um canto.
Com forças que não esperava ter, levantei-me, demorou o seu tempo, mas fi-lo. Ele era a espera que eu sempre soube que valia a pena, apesar de não querer que ela sequer existisse, porque demonstraria que não estávamos juntos e isso matava-me de corpo e mente, totalmente.
Mas ele voltou, os nossos corpos voltaram a unir-se numa parede que não tinha história e que de repente teve tanto sentimento e história só entre duas pessoas.
Foi-se de novo, mais dor, mais desilusão, mais catástrofe mental, mais um suicídio mental. Com quantos suicídios mentais conseguiríamos nós sobreviver? Ou com quantos eu iria conseguir sobreviver?
Aconteceu tudo de novo, e por fim, após tudo o que não esperava aguentar, voltei a levantar-me e ele estava lá de novo, a sorrir que nem um idiota.
“Volta para mim, mas promete que não voltas a partir”, e ele veio. Voltou a aparecer todo aquele fogo em mim e nele, e refugiando-me num abraço nunca mais me deixou. Todos os sentimentos voltaram, ainda mais fortes depois de tudo o que fiz por ele e por tudo o que ele lutou por mim também. Agora nada nos voltaria a separar, sei disso e ele também o sabe. Uma história fodida para caramba, mas com um tremendo final que ambos lutamos por fazer, ou como ele diz ‘é uma história sem fim, somos infinitos juntos’.
Beijo quente nos meus lábios, e por fim os seus contra os meus disseram, o que tenho a certeza que é real: “Amo-te, casa-te comigo por favor”, e casei.

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