segunda-feira, 10 de julho de 2017

#43 - Acontece...

"E contigo perdi-me. Aliás, tens essa capacidade única de fazer com que o momento seja nosso e de mais ninguém. Fazes-me sentir teu e o mais especial de todos"
É impressionante como o tempo passou rápido. Mais um verão verão que já raça a meio!
Já não estava com os rapazes à muito, as saudades já estavam a apertar e finalmente conseguimos juntar-nos!
A ideia era uma ida as lagoas menos frequentadas, e, no meio de muita agitação lá conseguimos. Eu e os rapazes, eles os 4, como costume. Saímos apenas pela hora de almoço, passamos pelo supermercado e compramos um lanche jabardolas, e de seguida ir buscar o almoço ao mac. Quanto mais rápido la chegássemos melhor. A animação corria-nos nas veias, de carro cheio e de barriga também, por agora.
Lá chegamos e foi tenda por todo o lado. (...) e o resto foi chegando, mergulhos, brincadeiras, cartas na mesa improvisada e a curtição de um sonzito.
Demos por nós já perto da hora de jantar quando reparei que um carro se pôs mesmo ao lado do nosso. Ouvi a sua voz e vi-o, mas ele não a mim. Chegou mesmo na hora do último a ser (...) por mim, que modéstias à parte, eles achavam o melhor. Talvez de tanto (...) e paranoia, mas diziam sempre isso, que o último tinha de ser eu a preparar e la ia eu, para a pedra onde podia fazer sozinha, vendo apenas o começar do por do sol. Ele não sabia que eu sequer o fazia, quanto mais "tao bem", mas caguei, continuei na minha. Mal ele estava a meio levei-o para a roda que os rapazes e Ele já tinham formado, estavam ansiosos. Ele olhou para mim quando me sentei, pisquei-lhe o olho e disse-lhe um "ola" silencioso, apenas com os lábios e ele retribuiu.
A aula zen acabou e fomos todos jantar, algo mais em condições, mas só após um banho na casa do tio Franclim, como sempre. Vesti um vestido preto e sabendo a correria que eles são, calcei umas vans e prendi o cabelo em 2 tranças embutidas, sem maquilhagem.
O jantar correu sobre rodas, nada de mais. Conversas tardias na esplanada, até que por fim se cansaram e decidiram que estava na hora de bazar.
Fui na sua direção. A noite ainda era uma criança e ainda queria ir a beira mar. E se tivesse de ser sozinha assim o faria.
"-Nenhum deles alinha em ir a praia comigo, queres ir? Ainda nem conseguiste aproveitar bem o dia" - pedi e ele aceitou, ainda que de pé atrás.
Éramos amigos desde sempre, mas nestes últimos tempos temos andado afastados, meios dispersos da nossa amizade. Acontece.
A folia apareceu em mim, e depois de pôr-mos toda a minha tralha na mala, la fomos nós.
A conversa fluiu com uma naturalidade relaxante, e num instante la estávamos nós a passar de carro a beira mar, a cantar super alto as musicas da rádio, enquanto eu, meia empoleirada com tronco de fora a apanhar a brisa do mar e a fumar nada mais que cigarros.
"-És louca!" -gritou-me.
Pus-me à chinês no banco enquanto esperava que finalmente parássemos.
Paramos perto o suficiente de um bar, ao qual a correr o puxei la para dentro. E dançamos. Dançamos feitos mariquinhas, feitos palhaços. Éramos felizes dessa forma, mesmo ele envergonhando-se a si mesmo com os passos de dança e tentativas de acrobacias parvas, que só me faziam rir mais.
Saímos a socapa do bar, não pagamos nada, ate que os nossos pés tocaram na areia gelada e molhada.
Corri e ele veio atrás de mim, até a beira mar, já descalços.
"-Vamos entrar?" -perguntei, despindo o vestido com facilidade. Demos apenas um pequeno mergulho e saímos tão rápido quanto entramos. Não sei bem como, no meio dos empurrões e brincadeiras para nos mantermos quentes, eu tropecei nele, ou ele em mim, e caiu mesmo de frente a mim na areia.
Nenhum de nós falou o que quer que fosse. As minhas mãos já estavam no peito dele, por causa do impacto e para que não caísse (em vão, pois caímos a mesma) e por isso, as minhas mãos passaram levemente sob o seu cabelo, deixando o seu rosto mais visível, por detrás daquele cabelo castanho claro, grande o suficiente para o esconder.
Beijamo-nos.
Foi algo super estúpido, já que ambos tínhamos namorado/a, mas ao mesmo tempo inevitável. Aconteceu.
Não permito a mim mesma contar o que se passou a seguir, pois por mais que me lembrasse de tudo, no dia seguinte só apenas as minhas recordações iriam ficar, e pouco mais de algumas fotos juntos em ambos os telemóveis, sem o mínimo de malícia que se pudesse transmitir, só alegria.
Nunca mais fui a mesma, mas continuei, e Ele também.
E porque sendo "apenas" meu amigo, "e porque o que sinto por ti é amor, só me resta dizer que te amo"