domingo, 27 de setembro de 2015

#28 - funerais

Rostos vazios, sem cor, sem sentimento. Cabeças baixas e cara sem ponto de felicidade. É assim que as pessoas estão num funeral típico da nossa terra.
Não há muito a dizer. Na verdade, o que mais poderia ser dito a alguém que já não esta connosco? Todos os pensamentos, momentos, felicidades e tristezas, são para serem ditas e vividas enquanto a alma permanece viva, enquanto o coração bate e a esperança vive.
Não vale a pena estar com rancor ou estar fudido porque coisas ficaram por dizer ou fazer. O destino encarrega-se de tudo e seja como for, algum dia e de alguma forma teremos de partir, seja qual for a vida que tenhamos tido.
Mas há sempre mais. E cada um reage da forma que o seu íntimo permitir.
Para quê ser fortes, se por dentro estamos numa lástima? Ou então para quê fingir estar péssimo, quando nos é indiferente o acontecimento?
As pessoas são duras e cruéis, em todas as situações, em qualquer parte do mundo.
Seja o mundo redondo ou quadrado, cada região, país ou religião age de forma diferente quanto à morte. E seja onde for, o sentimento de solidão, tristeza, mágoa, rancor ou o que for, é totalmente transmissível. O que nos faz chorar e estar como toda a gente que nos rodeia, não muito bem.
Toda a gente, no seu íntimo tem medo da solidão, e um dia, depois de vermos amigos, família e vizinhos longe ou na cova, torna-se mais difícil de sobreviver, apesar de tudo. E com tudo o que já se viveu, aprende-se que o mundo não é justo e tira-nos tudo e todos os que mais gostamos, apenas com o tempo torna-se ligeiramente mais fácil enfrentar a dor e muito mais difícil de enfrentar a solidão e a perda.
Haja o que houver, há-que viver e desfrutar da vida ao máximo, tentar ser feliz e fazer quem nos rodeia felizes, enquanto somos vivos, pelo menos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

#27 - 21.09.2015 - vive a vida

Come a qualquer hora. Sê desnecessário, sê fraco e rude, sê doido e sem limites, sê incansável, sê tudo o que alguma vez quiseste ser e sê tudo aquilo que as outras pessoas não queriam que fosses.
Luta pela tua vida, pelo ser que és e que te tornaste com o passar dos tempos.
A vida é tua, não é dos outros, e não é o que os outros pensam de ti que te vai tornar mais ‘tu’ e que te vai fazer mais feliz. Não é A ou B que manda em ti, muito menos os teus pais ou amigos, és e serás sempre tu, desde puto a velho.
Nunca desistas de nada.
Nunca te arrependas, porque se o fizeste é porque o querias. Sem arrependimentos, por mais que doa.
Isola-te e mostra a ti mesmo quem és e o que queres, porque primeiro estás tu e tens de te aceitar como és, com todas as tuas verdades, receios, medos, derrotas, vitórias e tudo o resto que te preenche e completa. Só depois os outros.
Tenta mudar o mundo, tenta fazer com que a paz no mundo exista. Acaba com a poluição ou com raio que os parta. Mas tenta, não desistas antes de sequer teres começado ou teres tentado.
Um dia as coisas serão melhores, mas talvez agora não seja a altura certa, talvez precises de errar mais e viver mais.

#26 - 2.07.2015 - mudanças

“-Como cresceste!”
Olhou e viu, nada tinha mudado, era só impressão sua. Talvez estivesse mais alta e não tenha notado, talvez tenha engordado no número de calças ou os pés estivessem maiores. Ou… não, não podia ser. Não podia estar a dizer que cresci enquanto miúda e passei a ser rapariga crescida ou mulher.
Os traços continuavam os mesmos, a mesma cara de pita, olhar chorão, dedos na boca e cabeça baixa, com o cabelo sempre a tapar metade da cara. Corpo nada simétrico, corpo desmedido e altura igual à de sempre.
Não haviam novas tentações nem desejos, quanto mais escolhas de vida nem opções amorosas. As mesmas asneiras de sempre, a mesma atitude perante as coisas que a rodeiam.
As roupas caíam da mesma forma, tapavam o corpo nada bonito e mantinham-na quente como sempre, que apesar da sua frieza sempre constante com tudo, em especial com as pessoas desconhecidas ou intrometidos, estava sempre quentinha, fosse a altura do ano que fosse.
Continuava com a ânsia de sempre, de crescer, de se tornar mais forte em todos os sentidos, de ganhar coragem de viver e enfrentar o mundo.
Mas esse dia ainda não tinha chegado, era impossível ter crescido, garanto que era.

#25 - 22.06.2015 - esta era para valer

Pensei que a vida fosse mais curta, que não havia mais a dar do que um mero suspiro e que no fim tudo iria acabar, bem ou mal iria acabar.
Depois apareceste tu, com essa intriga no olhar e paixão no corpo. Nunca soube o que melhorar e como tentar realmente que tudo fosse dar certo. No entanto, pelo menos do meu lado, foi como um tiro no escuro certeiro que nos deixou levar e que fez com que tudo o que aconteceu, que acontecesse por vontades, ou sem querer.
Sempre soube que eras mais, apesar de menos, sim, sempre foste mais. Não sabias disso, mas sempre consegui ver-te, sempre soube que existias e que estarias destinado a mim, mesmo que não tenha funcionado, nem tenha acontecido “nada”.
Lutei, lutei com tudo o que tinha na altura, com todo o calor que me deste, mas não consegui. Não me arrependo de nada, ate porque sei que nunca esquecerás o que lutei por ti, o que consegui que melhorasses em ti, neste caso no teu à vontade comigo e como conseguimos falar mais e mais, como aderiste ao meu mundo, grande parte graças a mim, eu sei disso e tu também sabes.
Um dia voltamo-nos a ver, vais reagir como eu, sem saber o que fazer, mas aproveitando cada segundo, nem que seja apenas com o olhar, como tantas vezes o foi e eu sei que voltará a ser.
“Esta era para valer”, mas não foi, e ao mesmo tempo foi.
Ana Coelho