segunda-feira, 15 de maio de 2017

#39

A vida dá-nos tanto, mas levamos tão pouco dela.
Começamos com tão pouco, um grito sufocante no grande vácuo, no escuro, sem sabermos para onde vamos e o que vamos fazer. Aos poucos vamos sabendo o que nos rodeia. Os sons são tantos que não sabemos por qual prestar atenção! Uma luz. Tudo começa a ficar lentamente mais claro e começamos a focar-nos em algo, ao que penso ser a progenitora, naquele colo quentinho e satisfatório. Varias mãos e vários processos. Mas só queremos o que nos faz sentir bem e sentir protegidos, certo? Por mais que muitas vezes a progenitora não nos queira, e que provavelmente um aborto ou um preservativo tivesse-nos salvo de tanta coisa.
Mas se aconteceu é porque tinha algum motivo de ser.
A nossa fúria começa, começamos logo desde cedo a querer mais. Começamos a querer correr, sem mesmo saber se há alguma possibilidade disso ou se o nosso corpo sequer aguentará. E fome. A fome a séria começa, queremos tudo e não comemos nada. Queremos o que nos traga felicidade, tal como os brinquedos, só para os ter e não para realmente lhes dar uso. As crianças podem ser tão idiotas. O que na verdade (às vezes), ainda acho que sou uma. Tão pequena, inútil e insegura, a querer mimo, atenção e protecção.
Escola. Regras que não queremos. Tanta coisa para fazer e aprender, e tanto mais só para brincar. As crianças são tão cruéis.
O tempo passa e chutamos pedras pelo caminho.
O primeiro “não” à seria, o primeiro amor, o primeiro coração partido. Porquê que não nos é explicado que o coração pode quebrar mil vezes e da mesma forma, voltar a juntar-se, pedacinho a pedacinho, com as mais diversas das coisas, acontecimentos e pessoas? Temos uma mente tão grande e profunda.
Trabalho. Faz isto faz aquilo. Sê amais isto, devias ser mais como “x”. Por um trabalho honesto, que ganhemos o suficiente para vivermos o quanto baste e para termos sempre os nossos direitos, sendo homem ou mulher. Ninguém mais do que ninguém.
Casamento. Ou não. Depende de ti e de outros. Até pode nem ser possível. Caso a caso.
Rotinas, tarefas. Tornamo-nos velhos, a cair de podre e cova.
Podemos querer e fazer tanto ao longo do nosso ser. Será que fazemos e aproveitamos o suficiente (todos os dias)?

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